A grande obra de Charlin Chaplin marca a história do
cinema com sua ampla visão científica, explorando temas da psicologia,
sociologia e psiquiatria com discussões voltadas para situações reais
vivenciadas por uma sociedade em transformação (1890-1940), essa, acelerada
pela revolução industrial. As cenas acontecem dentro de uma fábrica metalúrgica
que desde o início do filme não sabemos qual produto é fabricado, apenas vemos
trabalho, trabalho e mais trabalho. Todo esse trabalho é realizado por homens e
máquinas, mas essa relação se confunde ao ponto de não sabermos mais quem é
homem e quem é máquina, essa simbologia é representada na cena onde o operário
(Charlin Chaplin) entra em crise psicológica após toda pressão exercida sobre
ele, adquirindo um “tique nervoso” e acaba caindo dentro de uma esteira e
circula entre as grandes engrenagens. Toda essa pressão é sempre exercida pelo
grande empregador que visualiza através de uma grande tela (inclusive com
controle de áudio – aqui uma pitada de ficção científica, para sua época) de
forma quase onipresente a cada funcionário, exigindo sempre mais produção, sem
a menor preocupação com a real capacidade de produção dos operários, tempo de
trabalho, condições mínimas para que o ser humano pudesse recompor suas
energias e voltar ao seu posto. Nesse ponto do filme podemos destacar a função
desumana do capitalismo que visando sempre o lucro quer sempre mais.
Outro ponto do filme que merece muita atenção é a questão
social que ocorre fora da “fábrica”, o cenário é de extrema pobreza, causada
pelo elevado índice de desemprego, crise no comércio, exclusão das mulheres do
mercado de trabalho, as passeatas dos trabalhadores que já iniciavam uma luta
contra as conseqüências do novo regime. A pobreza e o desemprego são
demonstrados por dois personagens a garota: (“a pedinte”) e seu pai (“o
desempregado”), ambos, reflexos de uma política de exclusão e capital. A garota
sobrevive através de pequenos furtos realizados no comércio de sua vizinhança,
seu pai, desempregado, busca através dos movimentos dos trabalhadores uma
solução para sua dura realidade e acaba sendo morto pela repressão da polícia,
que com violência tenta atender o “clamor” da burguesia que pede “ordem”.
Podemos observar que apesar de tantos dramas vividos
pelos operários, já havia a semente do capitalismo, plantadas em suas mentes,
essa semente chama-se “consumo”. O desejo pelo consumo é demonstrado em dois
momentos do filme que acreditamos ser relevantes e que simbolizam através das
reações dos personagens. A primeira cena é vivida entre o “operário” e a
“garota”, quando estão sentados à sombra de uma árvore e avistam um casal se
despedindo enquanto o esposo vai para seu trabalho e deixa sua esposa para
cuidar da bela casa, algo que para eles demonstrou uma imensa felicidade vivida
pelo casal apaixonado que ali aparentemente via. Isso nos chama a atenção pelo
desejo da casa própria instalado pela necessidade da indústria da construção
civil que ainda nos dias de hoje que utiliza em seu material de marketing o
“slogan” de uma família feliz saindo de uma linda casa, ou mostrando todo
conforto de seus cômodos que nos coloca em momentos de nostalgia, quase
sonhando. Da mesma forma aconteceu com os dois personagens que ao ver aquela
cena foram bombardeados pelo desejo de viver essa realidade, logo para alcançar
tal desejo “terá que trabalhar”. A segunda cena é demonstrada quando ele
consegue um emprego em uma loja de artigos do lar, ele consegue colocar a
garota dentro da loja e passa a utilizar dos artigos para aumentar ainda mais
seus desejos.
O filme Tempos Modernos retrata o ponto de vista de um
artista atento as transformações de sua época e as conseqüências do capitalismo
para a sociedade, as mudanças na estrutura social estimularam um novo
comportamento, um novo olhar sobre as atividades econômicas dentro das relações
de trabalho, emprego e até na estrutura familiar. Uma vez que o a revolução
industrial trouxe consigo uma série de outros fatores que se revelaram como,
por exemplo, as questões dos direitos do trabalhador, a questão do trabalho
infantil e a chegada da mulher ao mercado de trabalho.
Nos “tempos modernos” (atualmente) o homem continua sua
saga pela justiça trabalhista propriamente dita como “justa”, mas não percebe
que os mecanismos mudaram, as máquinas mudaram, os processos também mudaram,
mas uma coisa não mudou: a sede por produzir mais, de captar mais, a injustiça
para com o “operário”. O homem máquina continua sendo cada vez mais exigido e
cada vez menos remunerado, uma vez que dentro um princípio de
proporcionalidade, quando se aumentar a produção, aumentar-se-ia a remuneração.
É notório que desde a revolução industrial houveram
vários avanços no ramo da sociologia organizacional, na psicologia
organizacional, nas ciências relacionadas ao trabalho humano propriamente dito,
com vários estudos que proporcionaram esses avanços, com isso, o homem deve
buscar a sua igualdade visto que as relações de trabalho nada mas são que um
contrato psicológico social, onde, de um lado temos o empreendedor que através
do seu capital assume um risco sobre uma produção ou serviço e do outro lado o
trabalhador que através do trabalho espera ser remunerado de forma justa, logo,
esse contrato deverá em tese, conter suas partes “iguais” no que diz respeito
aos frutos dessa relação.
Um comentário:
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